Candidato Filipe Honório

Livre

Filipe Honório

Em poucas palavras, apresente-se ao eleitorado.

Filipe Honório. 30 anos. Nasceu em Leiria, onde se licenciou em Gestão pelo Instituto Politécnico de Leiria. Iniciou carreira profissional na área de consultoria de gestão e desenvolvimento local, e é mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Coimbra. É membro do LIVRE desde 2014, e faz parte do atual Grupo de Contacto do partido. Encabeçou a lista do LIVRE a Leiria em 2019, e concorreu à Câmara Municipal de Leiria nas últimas eleições autárquicas. Dedicado às temáticas da Europa e Direitos Humanos, tem-se também dedicado às temáticas de desenvolvimento local e economia social.

Quais as suas prioridades para o distrito de Leiria?

O distrito de Leiria tem um grande potencial de desenvolvimento, seja pelas suas condições e bens naturais como também pela dinâmica empresarial e associativa que tem. No entanto, há ainda vários obstáculos ao desenvolvimento ecológico e solidário do distrito, seja a nível social ou ambiental. Uma das prioridades que importa atender é a gestão florestal no distrito, que no passado teve consequências devastadoras. É necessário que a nossa floresta seja diversificada, e não carregada de monocultura de eucaliptos e pinheiros que tornam a nossa floresta menos resiliente aos incêndios. A coesão do nosso território é determinante para reverter o despovoamento e isolamento das populações. É por isso que a linha do Oeste não pode cair no esquecimento, é necessário que sirva as pessoas e seja um motor de desenvolvimento também para a atividade empresarial exportadora. A mobilidade é essencial para a coesão e desenvolvimento dos territórios, e tem de se traduzir em menor impacto para o ambiente.

Que soluções propõe para os problemas de habitação no distrito, incluindo o acesso à habitação acessível e a revitalização de áreas urbanas degradadas?

É necessário apostar num novo modelo de desenvolvimento para o distrito e também para o país. Um modelo que, por um lado, seja mais sustentável e crie mais valor para o ambiente, e por outro, que crie mais justiça social e seja menos dependente de uma economia de baixo salário. Deve haver, assim, uma transição para várias indústrias poluentes, como as suiniculturas, recorrendo aos fundos do PRR e do novo quadro comunitário de apoio, o Portugal 2030. O LIVRE tem defendido um Novo Pacto Verde que permita a transição para um modelo de desenvolvimento que conduza à descarbonização da economia e que, ao mesmo tempo, passe pela economia de conhecimento e circular e que aposte numa economia de salários mais elevados. Apenas com uma transição dos setores poluentes e qualificação das pessoas é possível resolver os problemas de fundo.

Tem planos para promover a inovação, o empreendedorismo e a criação de emprego qualificado no distrito? Quais?

A mobilidade deve ser uma prioridade para quem seja eleito no distrito de Leiria. Temos a linha do Oeste que tem sofrido sucessivos desinvestimentos ao longo das últimas décadas e que só agora vê um plano de requalificação que, mesmo assim, não a consegue tornar competitiva face ao transporte rodoviário. As decisões políticas têm que ser baseadas em dados científicos e concretos. Até ao momento não foram apresentados dados que justifiquem a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil, seja ao nível do desenvolvimento económico, seja ao nível do impacto ambiental e, por isso, não solucionará os problemas de mobilidade e coesão do território, uma vez que não serve as pessoas que vivem, estudam e trabalham no distrito

O que se pode fazer para uma acção mais eficaz em termos ambientais, incluindo a proteção dos recursos naturais, gestão de resíduos e mitigação das alterações climáticas?

Na altura dos incêndios que consumiram a quase totalidade do Pinhal de Leiria, houve várias iniciativas para o recuperar, no entanto, das poucas árvores que foram plantadas, muitas morreram por total ausência de cuidados, o que revela o abandono a que o Pinhal foi sujeito. É necessário aumentar a importância política das florestas, e encará-las como um fator de mitigação das alterações climáticas e de potenciação da biodiversidade. E para isso é fundamental assegurar que existem políticas e estratégias de longo prazo que maximizem os benefícios e minimizem os riscos, como promover a diversificação das florestas e impedir as monoculturas de eucaliptos e pinheiros que as tornam mais vulneráveis a incêndios.

Apresente algumas propostas para melhorar a mobilidade no distrito.

O LIVRE é favorável à regionalização. A região do nordeste do distrito tem sido bastante esquecida. Há quatro anos, ocorreu uma grande tragédia com os incêndios, que pôs a descoberto a debilidade dessa região, como o despovoamento, a falta de jovens e oportunidades de futuro para os mesmos. É necessário que municípios como estes tenham uma maior voz e mais poder, de forma a ser possível implementar políticas mais locais e que contribuam para o seu desenvolvimento. E é necessário que as decisões sejam tomadas próximas das pessoas, com eleição direta dos órgãos regionais. É por isso que o LIVRE defende a regionalização, para contribuir para políticas mais adequadas à realidade de cada região.

Qual o político que mais o(a) impressionou no passado e que o(a) inspira no presente?

Um dos nossos grandes políticos do passado é, sem dúvida, o presidente Jorge Sampaio. Teve um papel central para a vida pública, tenha sido pela luta inabalável contra a ditadura, seja na construção da nossa democracia. Um grande humanista que sempre teve a defesa dos Direitos Humanos como prioridade. A sua postura, nomeadamente durante a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, de convergência e diálogo em prol de avanços concretos para as pessoas é um exemplo que ainda hoje é lembrado. Bernie Sanders é uma referência do progressismo internacional, defensor de uma política orientada para as pessoas e de um Novo Pacto Verde que responda à crise climática que vivemos, garantindo justiça social. A capacidade de uma grande mobilização em torno desses objetivos é uma grande inspiração para aquilo que necessitamos de fazer: exigir uma nova agenda de desenvolvimento social e ecológico que garanta bem estar para todas as pessoas.

Que livro recomendaria ao próximo primeiro-ministro?

Um livro essencial para falar do futuro do país e de como lidar com os desafios que enfrentamos é "A Liberdade dos Futuros", de Jorge Pinto. Um livro essencial para falar da Ecologia nas políticas públicas e uma nova visão da liberdade à luz dos desafios ecológicos com os quais somos obrigados a lidar. Uma visão de uma política eco‑republicana que promove o florescimento humano através da construção de uma república não dominadora e ecologicamente sustentável. Falar do futuro é essencial, para não nos lamentarmos do passado.